Por Computerworld, EUA
05 de dezembro de 2008 - 07h00
Quando um termo novo é comprado pelo mercado de TI, é como se uma música pop estivesse martelando em sua cabeça. É tudo que se consegue escutar. Pior, a meia dúzia de questões que envolvem a tendência é incessantemente deixada de lado, com respostas que revelam quase sempre o pouco entendimento que se tem sobre o assunto.
Atualmente, o termo da moda atende pelo nome de cloud computing. Para John Willis, consultor na área de gerenciamento de sistemas e autor de um blog sobre o assunto, a questão mais polêmica envolvendo a tendência é: as grandes empresas vão adotar o conceito?
“Não é uma pergunta que pode ser respondida com sim ou não. Vão existir pontos que farão sentido para as companhias, e outros que não”, responde Willis.
A melhor pergunta, segundo o consultor, é se as várias ofertas e arquiteturas que se encaixam no conceito e os cenários onde uma ou mais dessas ofertas vão funcionar são conhecidos, além dos benefícios e riscos de implantação.
Até mesmo os que já se utilizam do cloud não reconhecem, algumas vezes, os riscos e, conseqüentemente, não se preparam para o que pode dar errado, afirma Dave Methvin, CTO do PC Pitstop LLC, site de diagnósticos para PCs que usa os sistemas de storage em nuvem da Amazon e os aplicativos do Google. “Estão confiando demais no cloud, sem perceber as implicações disso”, diz Methvin.
Com isso, conheça sete áreas de turbulência que precisam ser particularmente conhecidas por quem pretende partir para a computação em nuvem.
1- Custos, parte 1: Fornecedores de infra-estrutura cloud
Quando Brad Jefferson fundou a Animoto Productions, um serviço web que permite transformar imagens e música em vídeo, ele escolheu um fornecedor de hosting web. Pensando no futuro, Jefferson pode ver que o fornecedor não seria capaz de suportar picos de processamento requeridos.
Mas, em vez de investir em servidores, o empresário migrou para o Elastic Compute Cloud da Amazon, serviço conhecido como EC2 e que oferece capacidade computacional ajustável na nuvem, e contratou a RightScale, que fornece sistemas de gerenciamento para usuários de serviços baseados na web, como o EC2, onde os clientes pagam somente pela capacidade que utilizam, podendo fazer a configuração pela Internet.
“É um negócio que precisa de muito investimento. Nós poderíamos ter ido na direção do venture capital e abrir mão de uma boa parte da empresa, ou migrar para a Amazon e pagar pela infra-estrutura”, afirma Jefferson.
Sua decisão se mostrou certa quando a necessidade de processamento saltou de 50 servidores EC2 para 5 mil em uma semana. Segundo Jefferson, não seria possível antecipar a demanda. E, mesmo se ele conseguisse, gastaria milhões para construir a infra-estrutura para suportar tamanho pico. Mas, isso seria um suicídio, uma vez que a capacidade não é necessária todo tempo.
Por outro lado, pagar somente pelo que usa faz menos sentido quando uma aplicação é usada constantemente no mesmo nível. De fato, Jefferson afirma que ele deve considerar uma infra-estrutura híbrida quando tiver uma idéia melhor dos padrões de uso do Animoto. Servidores próprios poderiam garantir a demanda normal, enquanto o cloud seria usado em momentos de pico.
2- Custos, parte 2: Fornecedores de storage cloud
Custando cerca de 25 centavos de dólar por gigabyte ao mês, o armazenamento baseado em nuvem parece ser uma excelente barganha, segundo George Crump, fundador da Storage Switzerland LLC, empresa de análises focada no mercado de virtualização e storage.
Mas, mesmo sendo um entusiasta do storage cloud, para Crump o modelo de custos atual não reflete como o armazenamento realmente funciona. Isso acontece porque sistemas tradicionais de storage são projetados para reduzir os custos jogando dados pouco acessados para mídias mais baratas, como discos mais lentos, fitas ou sistemas óticos. Fornecedores cloud cobram o mesmo, independentemente do tipo de informação armazenada.
A Amazon, por exemplo, cobra pelo montante de informações guardadas, pelo número de acessos e de transferências. Quanto mais você usa, mais paga. Segundo Crump, com o declínio constante dos custos de antigas formas de storage, armazenar dados na nuvem por um longo período de tempo não é muito vantajoso do ponto de vista econômico.
Segundo Crump, os fornecedores precisam criar modelos de custos diferenciados. Uma idéia é mover os dados que não são acessados há seis meses, por exemplo, para um sistema mais lento e cobrar menos por isso. Usuários também teriam de concordar com níveis de serviço mais baixos dependendo da idade dos dados.
3- Mudanças repentinas de códigos
Na nuvem, as empresas têm pouco ou nenhum controle sobre as mudanças de código feitas pelos fornecedores de aplicativos. Isso pode criar problemas caso o código não esteja bem escrito ou não seja compatível com todos os navegadores.
Foi o que aconteceu com os usuários do sistema de análise de tráfego do SiteMeter, um serviço baseado em software como serviço (SaaS) que monitora páginas web inserindo scripts em seus códigos HTML.
Em julho, a empresa soltou um novo código que resultou em alguns problemas. Qualquer usuário do Internet Explorer veria uma mensagem de erro caso tentasse acessar páginas com o script do SiteMeter instalado. Quando começaram as reclamações, os donos das páginas afetadas levaram algum tempo para entender o que se passava.
“Se fosse sua própria empresa que estivesse atualizando algum código e ocorresse um problema, seria simples fazer a conexão”, afirma Dave Methvin. Até alguém imaginar que o problema estava no SiteMeter, muitos usuários já haviam reclamado.
Logo depois, a empresa, sem dar maiores explicações, fez um upgrade em seu sistema que desagradou a maioria dos clientes. Caso de Michael Van Der Galien, editor do PoliGazette, site de notícias e opinião. “A nova versão era frustrante, lenta e impraticável”, afirma o editor.
Além disso, os clientes precisavam fornecer uma chave para reativar suas contas. As reações negativas foram tão intensas que a empresa decidiu voltar para o sistema antigo.
“Imagine a Microsoft dizendo: a partir de hoje, o Word 2003 deixará de existir e estaremos mudando para a versão 2007. Os usuários ficariam absolutamente confusos, e foi exatamente o que aconteceu no caso do SiteMeter”, diz Methvin.
Com o tempo, empresas como a SiteMeter vão aprender a lançar sistemas em beta, rodando em paralelo e fazendo medições quando realizam mudanças.
4- Interrupção de serviços
Levando em consideração os recentes casos do Amazon S3, do Gmail e do MobileMe, da Apple, fica claro que usuários de cloud precisam se preparar para quedas nos serviços. É fundamental exigir que os fornecedores avisem sobre possíveis incidentes.
Alguns fornecedores oferecem uma página de status onde os usuários podem monitorar os problemas e assinar serviços de RSS ou avisos por telefones.
Mas, além disso, os usuários devem preparar planos de contingência. Na PC Pitstop, por exemplo, uma queda nos serviços da Amazon significa que os clientes ficariam impedidos de comprar produtos no site. Por esse motivo, a empresa criou um sistema de backup, usando servidores próprios.
A Forrester Research aconselha seus clientes a perguntarem se o fornecedor possui redundância dispersa geograficamente em sua arquitetura e quanto tempo levaria para rodar o sistema de backup.
5- Experiência do fornecedor
Uma das maiores tentações do cloud computing é a promessa de TI sem o pessoal de TI. Entretanto, veteranos da computação em nuvem são inflexíveis em dizer que não é isso que acontece.
Na verdade, como muitos fornecedores são empresas novas, suas experiências, especialmente com grandes empresas, podem ser pequenas, afirma Rene Bonvaine, vice-presidente sênior da Serene Software.
É essencial complementar as habilidades dos fornecedores com o seu próprio departamento de TI.
6- Preocupações globais
Fornecedores cloud, atualmente, têm uma visão centrada no mercado americano. Essas empresas precisam ajustar os serviços para as necessidades dos clientes no resto do mundo. Isso significa garantir que os serviços funcionem tão bem para um usuário no Brasil, quanto para um usuário nos Estados Unidos.
Para se tornar um fornecedor global, a empresa pode instalar servidores em vários lugares, ou utilizar um serviço de aceleração de aplicações web, como os da Akamai Technologies.
7- Aplicativos nativos
Alguns aplicativos oferecidos no modelo SaaS foram projetados para isso. Outros foram adaptados para trabalhar dessa maneira. Segundo Bonvanie, existe uma grande diferença entre sistemas como o WebEx e os da Salesforce.com, que foram desenhados como uma oferta SaaS, e a plataforma de billing da Aria, por exemplo, que não foi.
Quando um termo novo é comprado pelo mercado de TI, é como se uma música pop estivesse martelando em sua cabeça. É tudo que se consegue escutar. Pior, a meia dúzia de questões que envolvem a tendência é incessantemente deixada de lado, com respostas que revelam quase sempre o pouco entendimento que se tem sobre o assunto.
Atualmente, o termo da moda atende pelo nome de cloud computing. Para John Willis, consultor na área de gerenciamento de sistemas e autor de um blog sobre o assunto, a questão mais polêmica envolvendo a tendência é: as grandes empresas vão adotar o conceito?
“Não é uma pergunta que pode ser respondida com sim ou não. Vão existir pontos que farão sentido para as companhias, e outros que não”, responde Willis.
A melhor pergunta, segundo o consultor, é se as várias ofertas e arquiteturas que se encaixam no conceito e os cenários onde uma ou mais dessas ofertas vão funcionar são conhecidos, além dos benefícios e riscos de implantação.
Até mesmo os que já se utilizam do cloud não reconhecem, algumas vezes, os riscos e, conseqüentemente, não se preparam para o que pode dar errado, afirma Dave Methvin, CTO do PC Pitstop LLC, site de diagnósticos para PCs que usa os sistemas de storage em nuvem da Amazon e os aplicativos do Google. “Estão confiando demais no cloud, sem perceber as implicações disso”, diz Methvin.
Com isso, conheça sete áreas de turbulência que precisam ser particularmente conhecidas por quem pretende partir para a computação em nuvem.
1- Custos, parte 1: Fornecedores de infra-estrutura cloud
Quando Brad Jefferson fundou a Animoto Productions, um serviço web que permite transformar imagens e música em vídeo, ele escolheu um fornecedor de hosting web. Pensando no futuro, Jefferson pode ver que o fornecedor não seria capaz de suportar picos de processamento requeridos.
Mas, em vez de investir em servidores, o empresário migrou para o Elastic Compute Cloud da Amazon, serviço conhecido como EC2 e que oferece capacidade computacional ajustável na nuvem, e contratou a RightScale, que fornece sistemas de gerenciamento para usuários de serviços baseados na web, como o EC2, onde os clientes pagam somente pela capacidade que utilizam, podendo fazer a configuração pela Internet.
“É um negócio que precisa de muito investimento. Nós poderíamos ter ido na direção do venture capital e abrir mão de uma boa parte da empresa, ou migrar para a Amazon e pagar pela infra-estrutura”, afirma Jefferson.
Sua decisão se mostrou certa quando a necessidade de processamento saltou de 50 servidores EC2 para 5 mil em uma semana. Segundo Jefferson, não seria possível antecipar a demanda. E, mesmo se ele conseguisse, gastaria milhões para construir a infra-estrutura para suportar tamanho pico. Mas, isso seria um suicídio, uma vez que a capacidade não é necessária todo tempo.
Por outro lado, pagar somente pelo que usa faz menos sentido quando uma aplicação é usada constantemente no mesmo nível. De fato, Jefferson afirma que ele deve considerar uma infra-estrutura híbrida quando tiver uma idéia melhor dos padrões de uso do Animoto. Servidores próprios poderiam garantir a demanda normal, enquanto o cloud seria usado em momentos de pico.
2- Custos, parte 2: Fornecedores de storage cloud
Custando cerca de 25 centavos de dólar por gigabyte ao mês, o armazenamento baseado em nuvem parece ser uma excelente barganha, segundo George Crump, fundador da Storage Switzerland LLC, empresa de análises focada no mercado de virtualização e storage.
Mas, mesmo sendo um entusiasta do storage cloud, para Crump o modelo de custos atual não reflete como o armazenamento realmente funciona. Isso acontece porque sistemas tradicionais de storage são projetados para reduzir os custos jogando dados pouco acessados para mídias mais baratas, como discos mais lentos, fitas ou sistemas óticos. Fornecedores cloud cobram o mesmo, independentemente do tipo de informação armazenada.
A Amazon, por exemplo, cobra pelo montante de informações guardadas, pelo número de acessos e de transferências. Quanto mais você usa, mais paga. Segundo Crump, com o declínio constante dos custos de antigas formas de storage, armazenar dados na nuvem por um longo período de tempo não é muito vantajoso do ponto de vista econômico.
Segundo Crump, os fornecedores precisam criar modelos de custos diferenciados. Uma idéia é mover os dados que não são acessados há seis meses, por exemplo, para um sistema mais lento e cobrar menos por isso. Usuários também teriam de concordar com níveis de serviço mais baixos dependendo da idade dos dados.
3- Mudanças repentinas de códigos
Na nuvem, as empresas têm pouco ou nenhum controle sobre as mudanças de código feitas pelos fornecedores de aplicativos. Isso pode criar problemas caso o código não esteja bem escrito ou não seja compatível com todos os navegadores.
Foi o que aconteceu com os usuários do sistema de análise de tráfego do SiteMeter, um serviço baseado em software como serviço (SaaS) que monitora páginas web inserindo scripts em seus códigos HTML.
Em julho, a empresa soltou um novo código que resultou em alguns problemas. Qualquer usuário do Internet Explorer veria uma mensagem de erro caso tentasse acessar páginas com o script do SiteMeter instalado. Quando começaram as reclamações, os donos das páginas afetadas levaram algum tempo para entender o que se passava.
“Se fosse sua própria empresa que estivesse atualizando algum código e ocorresse um problema, seria simples fazer a conexão”, afirma Dave Methvin. Até alguém imaginar que o problema estava no SiteMeter, muitos usuários já haviam reclamado.
Logo depois, a empresa, sem dar maiores explicações, fez um upgrade em seu sistema que desagradou a maioria dos clientes. Caso de Michael Van Der Galien, editor do PoliGazette, site de notícias e opinião. “A nova versão era frustrante, lenta e impraticável”, afirma o editor.
Além disso, os clientes precisavam fornecer uma chave para reativar suas contas. As reações negativas foram tão intensas que a empresa decidiu voltar para o sistema antigo.
“Imagine a Microsoft dizendo: a partir de hoje, o Word 2003 deixará de existir e estaremos mudando para a versão 2007. Os usuários ficariam absolutamente confusos, e foi exatamente o que aconteceu no caso do SiteMeter”, diz Methvin.
Com o tempo, empresas como a SiteMeter vão aprender a lançar sistemas em beta, rodando em paralelo e fazendo medições quando realizam mudanças.
4- Interrupção de serviços
Levando em consideração os recentes casos do Amazon S3, do Gmail e do MobileMe, da Apple, fica claro que usuários de cloud precisam se preparar para quedas nos serviços. É fundamental exigir que os fornecedores avisem sobre possíveis incidentes.
Alguns fornecedores oferecem uma página de status onde os usuários podem monitorar os problemas e assinar serviços de RSS ou avisos por telefones.
Mas, além disso, os usuários devem preparar planos de contingência. Na PC Pitstop, por exemplo, uma queda nos serviços da Amazon significa que os clientes ficariam impedidos de comprar produtos no site. Por esse motivo, a empresa criou um sistema de backup, usando servidores próprios.
A Forrester Research aconselha seus clientes a perguntarem se o fornecedor possui redundância dispersa geograficamente em sua arquitetura e quanto tempo levaria para rodar o sistema de backup.
5- Experiência do fornecedor
Uma das maiores tentações do cloud computing é a promessa de TI sem o pessoal de TI. Entretanto, veteranos da computação em nuvem são inflexíveis em dizer que não é isso que acontece.
Na verdade, como muitos fornecedores são empresas novas, suas experiências, especialmente com grandes empresas, podem ser pequenas, afirma Rene Bonvaine, vice-presidente sênior da Serene Software.
É essencial complementar as habilidades dos fornecedores com o seu próprio departamento de TI.
6- Preocupações globais
Fornecedores cloud, atualmente, têm uma visão centrada no mercado americano. Essas empresas precisam ajustar os serviços para as necessidades dos clientes no resto do mundo. Isso significa garantir que os serviços funcionem tão bem para um usuário no Brasil, quanto para um usuário nos Estados Unidos.
Para se tornar um fornecedor global, a empresa pode instalar servidores em vários lugares, ou utilizar um serviço de aceleração de aplicações web, como os da Akamai Technologies.
7- Aplicativos nativos
Alguns aplicativos oferecidos no modelo SaaS foram projetados para isso. Outros foram adaptados para trabalhar dessa maneira. Segundo Bonvanie, existe uma grande diferença entre sistemas como o WebEx e os da Salesforce.com, que foram desenhados como uma oferta SaaS, e a plataforma de billing da Aria, por exemplo, que não foi.
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