terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Seis tendências de aplicações corporativas

Como as mudanças do mercado, como consolidação de fornecedores, afetarão sua vida em 2008

Por CIO

13 de fevereiro de 2008 - 13h10

Se 2007 servir de indício do que está por vir, em 2008 as empresas usuárias de aplicações corporativas caras, como ERP, CRM e sistemas de gestão de supply chain, podem esperar mais mudança envolvendo alianças de fornecedores, esquemas de preços e inovação de software.

Acrescentem-se a isso previsões econômicas sombrias para 2008 que poderão trazer conseqüências financeiras significativas para os CIOs e seus budgets de TI.

Frente a um panorama financeiro incerto, parece que os CIOs (outra vez) serão instados a fazer ainda mais com ainda menos em 2008. E em nenhum outro segmento isso é mais crítico do que nas plataformas de software e aplicações corporativas core de uma empresa.

Com a globalização, mudanças rápidas no mercado, uma força de trabalho em transformação e regulamentações, o desejo de ter aplicações mais ágeis e utilizáveis passou a ser um imperativo do negócio, segundo Sharyn Leaver, diretora de pesquisa de processos e aplicações de negócio da Forrester Research. “Resultado: os profissionais de processos e aplicações são desafiados a fornecer aplicações mais ágeis e utilizáveis.”

Além disso, de acordo com Jeff Woods, vice-presidente de pesquisa do Gartner, a pressão crescente para “extrair benefícios de negócio reais” de sistemas corporativos e, ao mesmo tempo, beneficiar-se de avanços em tecnologias como SOA para estabilizar ambientes de computação leva os CIOs a “tomar decisões estratégicas mais importantes do que aquelas pré-Y2K”.

Veja as seis áreas que terão grande impacto sobre os planos corporativos dos CIOs em 2008:


1- Maior consolidação de fornecedores de aplicações
A IBM compra a Cognos. A Oracle abocanha a Hyperion. A SAP engole a Business Objects. A HP fica com a Opsware. E a Microsoft adquire diversos fornecedores de software.

O ano que passou será conhecido para sempre como o ano da consolidação e das aquisições de software corporativo. Os grandes (SAP, Oracle, IBM, Microsoft) desembolsaram bilhões por concorrentes menores que ofereciam conjuntos de aplicações irresistíveis.

O que, então, os CIOs devem esperar em 2008? Uma pesquisa da empresa de consultoria em tecnologia The 451 Group aponta que a indústria de software espera mais fusões. Mais de 85% dos profissionais de desenvolvimento corporativo em empresas que compraram outras ao longo do ano “pretendem manter ou aumentar os níveis de atividades de fusão e aquisição nos próximos 12 meses” e metade das organizações prevê aumentar os gastos nesta área. A pesquisa ouviu profissionais de desenvolvimento e estratégia corporativos de empresas que, juntas, gastaram mais de US$150 bilhões para comprar perto de outras 500 nos últimos cinco anos. Menos de 10% dos entrevistados acreditam que o volume de aquisições cairá.

Uma pesquisa realizada pela Duke University e CFO Magazine descobriu que 40% das organizaçõe norte-americanas planejam adquirir ativos em 2008. Um terço destas pretendem comprar uma ou várias empresas e 22% têm planos de adquirir ativos de outra empresa, mas não a empresa inteira.

Leaver, da Forrester, acredita que em 2008 haverá mais consolidação, principalmente em conjuntos de aplicações nicho, mas não tanto quanto em 2007. “Não há muitas ofertas realmente grandes.”

2- Crescimento do ecossistema de fornecedores
Antes de revirar os olhos diante de mais uma buzzword dos fornecedores, como “ecossistema”, pelo menos considere a lógica e a importância potencial da Nova Ordem Mundial da gestão de fornecedores em 2008.

Como extensão natural de toda a consolidação e com um leque menor de players médios e grandes (obviamente, há milhares de fornecedores de software menores), os CIOs terão menos opções. Dito isso, os fornecedores se conscientizam de que a inovação e seu sucesso futuro estão ligados ao seu relacionamento com players menores, parceiros de negócio e comunidades de desenvolvedores.

Portanto, quando os CIOs compram um pacote de software SAP ou Oracle, devem fazer o dever de casa e descobrir quais organizações e alianças fazem parte do ecossistema de SAP, por exemplo, e como elas se encaixam nas estratégias de tecnologia corporativa. “O sistema ERP é, basicamente, uma plataforma em torno da qual um ecossistema de desenvolve”, diz Woods, do Gartner. “É assim que você deve encarar o sourcing de seu ERP hoje, e esta tendência será ainda dominante no futuro.”

Leaver, da Forrester, enfatiza que o papel do CIO não deve ser o de “observador” de suas estratégias de investimento de aplicações (por exemplo, permitir que um ou dois grandes fornecedores conduzam as estratégias). Na realidade, o CIO precisa ser mais pró-ativo em relação a determinar o ecossistema do fornecedor que casa melhor com sua própria estratégia de longo prazo para ERP.

Isso é vital porque se o ecossistema do fornecedor inclui aplicações específicas da indústria (setor de varejo, por exemplo) que satisfazem suas necessidades de longo prazo, você terá mais facilidade para identificar sua próxima killer application e integrá-la ao seu backbone ERP.

As diferenças nos planos dos grandes fornecedores são evidentes, diz Woods. A Oracle comprou ou desenvolveu internamente aplicações específicas para o varejo e telecomunicações, por exemplo, enquanto a SAP se apoiou em sua plataforma e seus parceiros para desenvolver futuras killer applications.

Os CIOs não devem subestimar a importância daquilo que o ecossistema de cada fornecedor pode oferecer. Uma plataforma não sobrevive muito tempo sem uma killer application, alerta Woods

3- Concorrência acirrada prossegue
Embora a concorrência neste espaço sempre tenha sido intensa, os CIOs podem esperar mais corpo a corpo entre os fornecedores de aplicações corporativas. “Não vislumbro, nesta altura, que a concorrência será menos intensa”, afirma Woods. E esta é uma boa notícia para os CIOs.

Mesmo que os fornecedores acumulem áreas de expertise e plataformas de tecnologia (através de desenvolvimento orgânico ou aquisição) e se tornem grandes economias em si mesmos, ainda restam muitos fornecedores para jogar um contra o outro nas negociações, dizem os analistas. Ou seja, “ainda há muita margem”, observa Woods.

Conselho para os CIOs: não tenham medo de jogar os fornecedores uns contra os outros. “Os fornecedores estão mais inteligentes em relação a quando competir e quando coordenar, e pelo que vale a pena ou não lutar”, diz Woods. Se seu negócio é um daqueles pelo qual vale a pena lutar, você deverá fazer um ótimo negócio em 2008.

Além do mais, com tantas fusões e aquisições recém-saídas do forno, agora é a melhor hora para negociar contratos de manutenção mais longos e comprar novos módulos com descontos significativos, acrescenta Ray Wang, analista-chefe da Forrester. “Nos anúncios pós-fusões, os representantes de vendas vão oferecer negócios mais favoráveis para reforçar o status de empresa independente.”

4- Já conhecemos os Golias. Não nos esqueçamos dos Davids

Os fornecedores corporativos Golias não são conhecidos pela inovação. Já os fornecedores menores, sim. “Eles são capazes de oferecer aplicações dinâmicas rapidamente”, diz Leaver.

No futuro, estes pequenos fornecedores vão criar aplicações com mais flexibilidade e adaptabilidade “plug and play” do que as oriundas dos departamentos de P&D das empresas maiores. Leaver observa que a maioria das aplicações dos pequenos fornecedores está sendo desenvolvida para rodar sobre o IBM Websphere, SAP NetWeaver e produtos middleware Oracle de modo que os departamentos de TI possam “configurá-las e modificá-las on the fly”. Assim, o pessoal de TI pode se preocupar menos com decisões de arquitetura e basear suas compras na utilidade da própria aplicação.

Albert Pang, diretor de pesquisa de aplicações corporativas do IDC, salienta que toda esta inovação resultará em mais aplicações Web 2.0 e estilo consumo para usuários corporativos. “Não vai demorar muito para que usuários de negócio se beneficiem de ferramentas de fornecedores como a Serena Software, que lhes possibilitem criar conteúdo para mashup on the fly.”

Mashups de negócio podem fomentar aplicações de contabilidade financeira que permitem aos usuários incorporar variáveis externas (previsão meteorológica e estudo de impacto ambiental, por exemplo) aos seus processos de planejamento financeiro, previsão e relatório, sem falar na avaliação de risco dos retornos de seus investimentos.

A mensagem mais importante para os CIOs, avisa Pang, é equilibrar seu cenário de sistemas de maneira a não deixar que um único fornecedor tenha influência indevida sobre suas estratégias. “Quando isso acontece, eles podem jogar um contra o outro e beneficiar-se de todos estes esforços de desenvolvimento que estão em curso.”

5- O que acontecerá com as taxas de manutenção de licenças corporativas?
Os CIOs sempre reclamaram do impacto das taxas de manutenção de software corporativo. Os custos, que historicamente ficam em torno de 22% ao ano para implementações corporativas, representam um imenso golpe financeiro para muitos departamentos de TI.

Quando os fornecedores enfatizam aprimoramentos táticos como o principal valor proporcionado pela manutenção, as pessoas se perguntam o que estão obtendo realmente em troca do dinheiro gasto com manutenção, observa Woods.

Ao longo de 2005, muitos CIOs cogitaram terceirizar ou terceirizaram totalmente a manutenção de sistemas ERP ou CRM para empresas como a TomorrowNow ou a Rimini Street. Mas a ação que a Oracle impetrou contra a TomorrowNow (e contra a SAP, proprietária da TomorrowNow) e equívocos da SAP ao lidar com a situação toldaram o modelo de negócio de manutenção por terceiros.

Mesmo assim, a manutenção terceirizada atraiu interesse de executivos de TI e continuará a fazê-lo em 2008. “A TomorrowNow é uma manifestação do mercado questionando o valor da manutenção”, diz Woods. “Quase todo mundo pergunta se pode repensar a abordagem da manutenção. Este terceiro vai detonar a manutenção por completo ou estabilizar o sistema? Esta é a grande questão do momento.”

Um dos principais motivos da frustração dos CIOs é que alguns fornecedores não estão se saindo muito bem em preparar o caminho para a próxima geração de ferramentas corporativas, segundo Woods. “É uma decisão complicada e não existem respostas fáceis. Tem que estar vinculada ao portfólio corporativo de estratégias e riscos.”

Obviamente, as taxas de manutenção são infames para suas margens de 90%. O que torna os fornecedores deploráveis só de falar sobre elas, quanto mais considerar fazer mudanças significativas. Leaver, porém, acredita que isso poderá começar a mudar em 2008. Se quiserem deixar seus clientes atuais felizes, “os fornecedores de aplicações terão que repensar esquemas de preço e taxas de manutenção”.

6- Supply chain fica ainda mais wireless — e perigoso
As tecnologias wireless vão continuar a influenciar o futuro do supply chain. Na vanguarda e atraindo grande parte da atenção está RFID, que continuará a se expandir em 2008, prevêem os analistas.

Mas foram outros avanços, como o maior uso de tecnologias wireless para transmissão de dados e transações operacionais em centros de distribuição, que tornaram o supply chain ainda mais eficiente.

Os analistas, entretanto, destacam que “sem fio” não significa “sem risco”. Um relatório recente da Retail Systems Research (RSR) mostra a dependência crescente em relação às tecnologias wireless e os riscos monumentais impostos pela nova safra de dispositivos no supply chain e em outros segmentos.

Steve Rowen, analista da RSR, descreve assim a situação atual: os atacantes wireless, que agora têm motivo e conhecimento tecnológico, identificaram “o tratamento negligente do fluxo de dados nas empresas como uma oportunidade viável, estendendo-se ao alcance de facções criminosas altamente organizadas”. O roubo de dados dos clientes dos varejistas passou a ser um grande negócio, avalia Rowen.

Primeiro conselho de Rowen para o ano de 2008: eleve a conversa. “Os programas de segurança mais bem sucedidos são os que atraem o interesse de executivos C-level — e o quanto antes”, ensina. “Este processo vai variar ligeiramente de um varejista para outro, mas costuma ser composto de uma apresentação conjunta do status atual — e necessário — da segurança da empresa para a diretoria.


Nenhum comentário: