O custo de ter de redesenhar todo um projeto por conta da falta de entendimento, tem levado os departamentos de TI a buscar soluções alternativas.
Por Computerworld/EUA
29 de junho de 2010 - 12h44
O momento em que os usuários das diversas áreas de negócio sentam na mesa de discussão com a área de TI para solicitar o desenvolvimento de um sistema específico sempre é marcado por desentendimentos, interpretações errôneas e perspectivas divergentes. E se as coisas historicamente foram ruins, elas ficaram ainda piores depois da recente crise econômica, de acordo com a analista da consultoria IDC Melinda-Carol Ballou.
“Em época de recursos minguantes a margem para erros é pequena. Logo qualquer desentendimento entre quem desenvolve o produto e a real demanda do cliente gera uma alteração de custo razoável”, diz Melinda.
E se a crise já virou uma coisa do passado, a especialista argumenta que os problemas entre quem desenvolve os sistemas e os usuários internos representa uma questão presente. De acordo com um estudo do instituto de pesquisas The Standish Group, neste ano, só 32% dos projetos foram bem-sucedidos, ou seja, conseguiram ser entregues dentro do prazo, das especificações e do orçamento exigidos. Em 2006, esse mesmo índice de 35%.
“O ambiente de desenvolvimento foi virando um lugar altamente otimizado, no qual qualquer forma de desperdício é condenada. O estado da economia chegou a tal ponto que determinados projetos tiveram de ser realocados”, diz o CIO do Standish Group, Jim Johnson, ao comentar como os clientes encararam os custos com novas soluções depois do advento da crise. “Tem mais, muitas pessoas ficaram tão envolvidas na governança para administrar projetos, todos altamente complexos, que é impossível entregar o que pedem”.
Normalmente o desenvolvimento de uma versão beta, para testes, pode levar meses. Mesmo quando usado o método Agile (Ágil) para gerenciar o projeto. A mera visualização de um projeto, porém, é algo que pode ser feito em questão de horas e oferece ao cliente uma sensação prévia de como o sistema irá funcionar e com o que irá parecer. Outra funcionalidade dessa pré-visualização é oferecida pela oportunidade que o desenvolvedor tem de corrigir eventuais erros destacados pelo cliente.
Soluções prontas
Os departamentos de TI estão altamente atentos para o fato de o desenvolvimento de software ser algo em que devem prestar atenção, sugere o analista da Forrester, Tom Grant. “O entendimento da importância dessa questão está em alta, puxada pelo custo de ter de redesenhar todo um esquema”, diz Grant. Mesmo assim, as ferramentas disponíveis para remediar essa mazela ainda estão longe de serem aplicadas de maneira abrangente. Faltam soluções desse tipo no mercado e as que existem são ignoradas.
Melinda e Tom concordam em um ponto: as ferramentas para visualização são parte de um segmento extenso de recursos faltantes no mercado de desenvolvimento de softwares.
O grande desafio que se coloca para os desenvolvedores de soluções é mudar o modo de trabalho, normalmente baseado em planilhas de cálculo ou apresentação de slides, com o intuito de mostrar o modelo desejado pelo cliente. Os dois analistas dizem que definir o volume de mercado para esse tipo de solução é algo complicado. Em parte, essa dificuldade se dá em função da alta dinâmica e de um elenco de questões quase infinito na rota dessas ferramentas.
Como reflexo, Melinda, da IDC, afirma que as previsões são de que o mercado de software para gestão e desenho de software movimentará 290 milhões em 2013, contra 2,1 milhões em 2008.“A complexidade e a necessidade críticas desses aplicativos e dos sistemas, junto com a incessante pressão exercida por parte dos negócios que exigem aplicações relevantes, flexíveis, de compatibilidade e liquidez altas, irá continuar a impulsionar a procura por soluções interativas”, escreveu Melinda em uma análise de mercado.
Caso de sucesso
A empresa de entregas United Parcel Services descobriu que vale a pena incluir os usuários finais no processo de concepção dos sistemas. O vice-presidente de tecnologia da companhia, Mark Hilbush, explica: A ideia é começar da melhor maneira possível e tentar trabalhar com os usuários finais de maneira a permitir que eles tenham um entendimento acerca do que a TI está fazendo.
Essa filosofia foi muito útil na inclusão de usuários de outros idiomas, que não o inglês. "Pudemos nos certificar de que o software continha os recursos que eram importantes", pontua Hilbush.
A equipe do VP está desenvolvendo um aplicativo para a web que deve substituir um software de processamento de pacotes e deve ser usado nas operações da UPS no mundo todo. Com base no iRise, a equipe pode modelar diferentes aspectos da interface e do painel de controle, de entrada de dados, de geração de relatório e outras facilidades.
“Com o aplicativo de visualização pudemos colocar a interface na tela de parceiros da Ásia e da Europa. Foi possível envolver muito mais pessoas no processo, do que se usássemos os esquemas tradicionais”, explica Hilbush.
Ele relata que não se trata apenas de evidenciar determinadas nuances desejadas pelo cliente, mas obter uma resposta direta do cliente e de quem vai usar o sistema em tempo real. “A última coisa que se quer é chegar na versão alfa ou beta e descobrir que houve algum erro na interpretação do que era pedido", relata Hilbush, ao destacar a importância de poder fazer os ajustes em qualquer fase do projeto.
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