Construtora modernizou processos e ainda eliminou a papelada.
Por Déborah Oliveira, da Computerworld
06 de abril de 2011 - 07h30
Não faz muito tempo, Andrade Gutierrez tinha de administrar diariamente uma montanha de papéis com informações sobre mão de obra e máquinas e equipamentos para construção, alocados nas obras. Com os mais de 3 mil smartphones e a plataforma ConstruMobil, desenvolvida pela Simova, a construtora entrou na era da mobilidade e implodiu os antigos processos.
A inovação beneficia 18 obras espalhadas por todo o Brasil, entre elas a modernização do Maracanã, no Rio de Janeiro, e o Arena Amazônia, em Manaus, estádio em construção para a Copa de 2014. O pico de uso dos dispositivos móveis nas obras registrado até hoje é de 6 mil e, diariamente, com exceção dos domingos, o sistema contabiliza cerca de 15 acessos por segundo.
Rodrigo Fernandes de Barros, engenheiro da área de Planejamento e Controle da Construtora Andrade Gutierrez, diz que hoje a agilidade e a integridade de dados garantem que as construções sejam atendidas rapidamente em suas necessidades, visto que os dados entram no sistema em tempo real. “Os funcionários passam as informações sobre o estado das máquinas e equipamentos pelo smartphone e nos possibilita agilizar as tomadas de decisão e ações”, ressalta Barros.
Segundo ele, antes, o funcionário (chamado de apontador) e seus encarregados preenchiam fichas durante todo o dia com dados sobre o status das máquinas.Entre eles, abastecimento, tempo de operação, tempo de ociosidade e manutenção, além de informações sobre a atividade de cada colaborador e procedimentos de segurança.
Ao final do turno, a papelada era recolhida. “Feito isso, os dados das fichas eram passados manualmente para um sistema, na madrugada, e cerca de um dia e meio depois é que os gestores avaliavam o andamento das obras e traçavam soluções”, diz. “Muitas vezes, o estado de conservação das fichas era ruim e até mesmo a grafia difícil de compreender. Por isso, o registro das informações corria risco de incorreção”, lembra Barros.
Esse cenário gerava receio na equipe de engenharia, pois a área usava os dados de produtividade levantados nas obras para orçar novos projetos. “Com o passar do tempo, o setor deixou de usá-las por falta de confiabilidade.² "O novo sistema trará a confiança de volta”, afirma Cristóvão Jacques de Faria, gerente de Planejamento e Controle da Construtora Andrade Gutierrez.
Era móvel
Em pouco tempo, a mudança, segundo Barros, trouxe agilidade aos processos. Agora, os funcionários inserem as informações em um software com filtros pré-configurados no smartphone. Os dados são enviados, em tempo real, a partir da rede de telefonia móvel da Oi aos servidores da construtora. Eles são visualizados na web pelos gestores, que usam login e senha para acessar o sistema.
“O rápido acesso à informação evitou perdas na produção e qualquer problema identificado, como máquinas quebradas e falta de produtos, é rapidamente contornado”, relata Barros. “Prova do nosso ganho em produtividade e agilidade na tomada de decisão é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Lá, registramos aumento de 94% na eficiência.”
Primeiros passos
O projeto foi iniciado em 2009 no Comperj, que está sendo construído em uma área de 45 milhões de metros quadrados, o equivalente a mais de 6 mil campos de futebol. Nesse empreendimento, a empresa conta com cerca de 800 máquinas em atividade. “Quando começamos a obra, não usávamos o apontamento eletrônico (como chamamos o processo) e registrávamos uma série de desafios”, lembra. Ele cita que se uma máquina falhasse e estivesse ociosa, o problema somente seria identificado no dia seguinte, gerando perda de produtividade.
Para levar a mobilidade às obras, a empresa recorreu à Simova, especializada em mobilidade convergente, que adaptou uma plataforma, já usada no setor sucroalcooleiro. A solução, baseada em Java e batizada de ConstruMobil, é acessada por meio de dispositivos móveis pelos colaboradores nas obras.
A escolha por smartphones, afirma Barros, não foi ao acaso. ³Seu uso é amplamente conhecido e o custo é mais acessível em comparação aos palms ou tablets”, avalia. Para o executivo, a inovação tem garantido uma gestão eficiente dos equipamentos e da mão de obra nos canteiros do País.
A gerente de TI da construtora Andrade Gutierrez, Cibele Fonseca, conta que para receber o sistema foi preciso preparar a infreaestrutura tecnológica da empresa, sediada em São Paulo, em razão do grande volume de informações. Há quase um ano, os dados armazenados passavam de 5 milhões. Isso porque todos os apontamentos ficam registrados no banco da empresa. “Para ampliar a nossa capacidade, adquirimos mais cinco servidores”, diz a executiva.
Rotinas aprimoradas
Além da agilidade, mais benefícios foram identificados na era da mobilidade. O investimento em funcionários que atuavam do setor de controle (que buscavam as fichas e as registravam no sistema) foi reduzido drasticamente, já que agora eles podem se dedicar a funções mais estratégicas. Levantamento realizado pela Andrade Gutierrez identificou que só em abril de 2010 foram economizados R$ 47 mil.
O monitoramento manual exigia grande quantidade de papel que, posteriormente, demandava a utilização de muitas salas de arquivamento, segundo Barros. Somente no início da obra do Comperj, eram usadas 2,4 mil folhas por dia. Com os smatphones, eliminou-se por completo o uso de papel.
“Se o panorama anterior se tivesse mantido, teríamos contribuído para a derrubada de milhares de árvores e os custos seriam altíssimos. Sustentabilidade ambiental é muito importante para nós”, avalia Cibele.
Uma das vantagens do ConstruMobil é que não há, de acordo com Tiago Pinheiro, diretor operacional da Simova, a possibilidade de registros incorretos. “Isso porque inserimos na solução filtros que bloqueiam erros e aumentam sobremaneira a confiabilidade dos dados.” Fábio Calegari, diretor comercial da Simova, completa dizendo que a plataforma ainda valida os dados e o cruzamento de informações.
“Se, por exemplo, um funcionário registra que uma máquina ao final do dia rodou uma quantidade menor do que a apontada no início, o ConstruMobil não permite a inserção”, explica.
A construtora pretende expandir a utilização dos aparelhos em novas obras e usar o smartphone para realizar treinamento móvel e ainda para registrar o avanço físico das obras. “Cada passo será inserido no sistema e o progresso visualizado em 3D pelos gestores”, finaliza Pinheiro, da Simova.
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COMENTÁRIOS DO MAURO
Apesar de se tratar de um bom caso de aplicação de soluções mobile eu acreditava que a Andrade Gutierrez já estivesse muito a frente disso.
Esse caso só me fez recordar sobre o ciclo necessário para que as empresas repensem sobre os seus investimentos em tecnologias aplicadas a negócios... Nesse caso, poderia ter sido feito há pelo menos 3 anos atrás... 3 anos com menos competitividade que poderiam ter.
Como você e a sua empresa estão lidando com a mobilidade no modelo de gestão???
Para ler e refletir!!!
Abraços;
Mauro Cesar
mauro.oliveira@vilelaleite.com.br
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