quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Como rentabilizar o investimento feito no SPED?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010, 12h19 

O mercado e a própria Receita Federal estão surpresos com a rápida adesão das empresas ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). 

A notícia é boa. Porém, é melhor para o Fisco do que para os empresários. Até aqui, o SPED significou grandes investimentos em TI, reformulação de processos e perda de foco em projetos estratégicos. Tudo isso em um ano (2009) que foi, para muitos, de crise. Além disso, para algumas empresas, ainda há muito trabalho pela frente. Não é à toa que no ambiente de negócios o SPED ainda seja visto como um mal necessário imposto pela Receita Federal. 
O lado positivo da história vem nessa nova fase, de pós-implementação. O investimento realizado no SPED pode, sim, ser transformado em ganhos para o negócio. E isso significa de fato aumento de receita, não apenas a tão falada transparência. O ganho é maior e mais relevante que isso. 
Primeiro, vejamos as mudanças positivas e “habilitadoras” de ganhos para a empresa que o SPED trouxe. Do lado do negócio, ele obrigou que as empresas, de uma vez por todas, entendessem o valor da informação consistente, ou pelo menos o tamanho do esforço que a falta dela gera. Essa percepção abre portas para uma exploração melhor do valor escondido no ativo de informações da empresa. 
Do lado de TI, os problemas históricos de legados “duros” e fechados ficaram menores, porque a norma também forçou as empresas a abrirem seus processos e sistemas para a atualização frequente de informações e para a integração com fontes externas de dados, como a própria Receita Federal, o Sintegra (Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços) e a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), entre outros. 
E para não substituir os cadastros de clientes pelas informações das fontes externas (se sua empresa fez isso, prepare-se: você ainda vai voltar a falar dos impactos do SPED) foi preciso permitir a convivência, de forma integrada, entre o cadastro de clientes que a empresa já tinha e o cadastro para atender ao SPED. 
Essas mudanças – uma cultura empresarial de exploração do valor das informações, processos de TI mais abertos e, sobretudo, a capacidade de gerenciar visões diferentes, porém integradas, do cliente – encurtaram muito o caminho para que a empresa chegue, enfim, a algo que todos querem ter, muitos dizem que já têm, mas poucos de fato possuem: a tal visão única do cliente. Também conhecida por “Visão 360 graus” – ou qualquer outro termo que descreva a capacidade de enxergar o cliente como um todo – e, ao mesmo tempo, com perfis diferentes em cada processo da cadeia de valor. 
As aplicações para o negócio são inúmeras: maior riqueza de informações para o CRM que gera maior satisfação, menor taxa de evasão e novas oportunidades de venda; melhor integração entre as ações e ofertas, gerando maior relevância e blindagem dos clientes; visão do cliente em múltiplos níveis – família, domicílio, indivíduo, profissional –,que amplia o potencial de valor gerado por cada consumidor. Então, se até agora você não entendia o SPED como uma fonte de receita adicional para sua empresa, pelo menos na perspectiva da gestão de informações, saiba que ele tem tudo a ver! 
E o que é preciso para fazer essa “mágica” acontecer? 1- Implantar um ambiente de gestão corporativa de informações, com ênfase absoluta na qualidade de dados; 2- criar ou alocar em uma área da empresa o gerenciamento do ativo de informações; 3- gerar cultura na empresa e priorizar o assunto na agenda de TI ... Ops, espere aí, o SPED já cuidou deste último! 

* Dalvani Rufino Weber de Lima é diretor da GoDigital.

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